As paisagens de Belo Jardim vêm se transformando em ritmo acelerado, (exceto esta ao lado - que é o cartão postal da cidade) e não é a marca do desenvolvimento econômico não, é a marca do descaso mesmo.
O que ontem era paisagem, hoje não passa de retrato pendurado na parede ( e ainda temos o retrato, graças aos esforços/compromisso com a história de Ivanildo Gouveia). A cidade se esfacela a "olhos vistos", há uma fragmentação lamentável e enquato avança a violência a tradição resvala para o poço do esquecimento.
É catastrófica a situação das calçadas e praças públicas (basta observar o "palco" construído pela igreja católica no lugar onde era CALÇADA, o que mais nos impressiona é a falta de sensibilidade e a ignorância no que se refere as leis de acessibilidade), sobre as praças, as que não se transformaram ainda em bares, são de fato, estacionamentos. O abandono é geral e marcado pela poluição sonora e visual, um tráfego caótico, e o lixo que pouco a pouco vai tomando conta da cidade.
É a cidade da fartura... "farta" tudo! Falta a dedicação dos que de direito, assumem a liderança de tratar a cidade com um pouco mais de afeto.
Falta competência aos gestores da cidade e falta ainda a vontade política de recuperar o que ainda nos resta. Falta o zelo por parte dos "representantes" do povo, pelo que é de fato e de direito, público.
pode parecer incrível, mas esta cidade que a garotada chama de "Terra do Nunca" há bem pouco tempo ofereceu aos belojardinenses: Dois cinemas, um teatro, três clubes reacreativos dentro da cidade (Lítero, ARCA e ITEC), grandes festas religiosas (São Sebasitão e N.Sra. da Conceição), motivo do retorno dos vários filhos ausentes.
Essa cidade existiu, não é imaginação saudosista não! E não faz tanto tempo assim, basta reavivar a memória, quem não se lembra da Orquestra Butantã? Formada por todos os músico de Belo Jardim que moram nos mais diversos lugares desse Brasil, os quais no mês de janeiro, em férias, tinham o prazer de voltar a terrinha.
Da cidade que amo, onde nasci, cresci, tornei-me mulher, adulta, madura, mãe, avó... restam apenas buracos em tamanho para todos os gostos (P,M,G e ExtraG em quantidade), destroços... e como se não bastasse, o medo da disseminada violência, hoje é impossível, a pé, aproveitar ócio da noite para visitar um/a amig@.
Mudar esse quadro desolador, vai muito mais além do que reclamar, vai mais além do que apenas cobrar do Prefeito e dos Vereadores, se faz necessário uma tomada coletiva de consciência, uma atitude conjunta da sociedade " pois é dos sonhos dos homens que uma cidade se inventa" (Carlos Pena Filho)
(Fonte: QUINTAS,Fátima. Ode à Recife)