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"... O sonho pelo qual brigo, exige que eu invente em mim a coragem de lutar ao lado da coragem de amar..." Paulo Freire Educador pernambucano

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Centenário do Mestre!


RETRANCA AO MESTRE ULISSES


Abrindo portais internos

compôs um som no coração

de quem esteve por perto

a fim de luz e emoção.



Viveu para nos ensinar

muito além do que tocar

Construiu várias estradas

fazendo eternas pontes

em uma longa jornada.

A arte lhe tem com estima

(Evoé!) Ulisses de Souza Lima.

(David Henrique)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

22 de novembro: Centenário do Mestre Ulisses!

imagem retirada do sociedadeculturamusical.wordpresse.com


Existe alguém, cuja emoção nunca termina,
Que traz, na alma, o tom da sensibilidade,
Que é tão amigo, que enaltece a lealdade,
E tem, na música, a razão da sua sina.
Um homem feito de harmonia e disciplina,
Moldado em arte, em plena musicalidade,
Mestre em passar lições de virtuosidade,
Que apenas Deus sabe escolher quem é que ensina.
Foi Mestre Ulisses, quem me fez sentir que a vida,
É infinita entre o bemol e o sustenido,
E a dor sucumbe ante os acordes da canção.
Quando a alegria de viver se vir perdida,
Hei de sentir seu solfejar, por Deus, regido,
Tocar-me as cordas do incontido coração.
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Lamartine Passos
São José do Egito, 15/04/2007
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Há cem anos nascia aquele que seria o responsável pela formação de centenas de músicos da nossa cidade! Nascia Ulisses de Souza Lima!

O nosso Mestre Ulisses, deixou esse plano, aos 97 anos, em 2010!

Nasceu em São Jão do Cariri em 22/11/1913. Sua infância e adolescência foi vivida na cidade do Brejo da Madre Deus, e, aos 22 anos, já regente de banda, mudou-se para a cidade de São José do Egito, onde esteve a frente da Banda Santa Cecília.

Foi em São José, que o maestro começou sua história de compositor, são mais de 300 composições: dobrados, marchas, valsas, frevos, cirandas e maracatus... ao longo de sua vida.

Foi regente também na cidade de Sertânia, e, em 1942 iniciou suas atividades aqui na nossa cidade. Por mais de 60 anos dirigiu a Sociedade de Cultura Musical, e, paralelo a isso, foi também professor de música da Escola Agrotécnica Federal, hoje, IFPE e de várias escolas da rede estadual de ensino.


Hoje, na Terra dos Músicos as comemorações do centenário desse grande Músico estão (será?) sendo tímidas, discretas... nos desculpe, Professor Ulisses!

Por toda a sua dedicação à música
 e aos músicos da minha cidade,
o meu muito obrigada!



"Uma cidade sem memória e sem história é um abismo de simulacros e referências artificiais"
(Antonio Luiz Andrade - Artista Plástico)








  

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Para esse dia 20, Música com consciêcia!




Versos Negros
(Vitor Pirralho e Unidade)

Palavras têm força demais, mudam até de sentido
Se transportadas pra outro contexto adquirem negativas cargas
Já abordei tal assunto em um outro som
Aquilo que fica do lado esquerdo tem conotação de errado
O mesmo acontece com uma das cores
Aquilo que remete ao preto tem semântica de sinistro
A situação tá preta, a peste negra invadiu
No mausoléu despedida trajada de negro representa luto
Se branco é cor de paz, decreto preto fúria
A pele tomada pela melanina não sabe o que é paz pelo alvo
Se branco é cor de paz, piada de humor negro
A pele tomada pela melanina não sabe o que é paz pelo alvo
Versos que não rimam são chamados de versos brancos
Mas no atributo de um novo sentido, designo versos negros

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Quantos decênios mais?



            A Lei 10.639 de 09 de Janeiro de 2003, hoje com 10 (dez) anos, é um marco na História da Educação do país, ela simboliza dois pontos essenciais: o de chegada das lutas antirraciais na escola e o de partida da escola para a renovação da qualidade social da educação brasileira. Ela significa o estabelecer de novas diretrizes e práticas pedagógicas que venham possibilitar o reconhecimento da importância d@s african@s e afrobrasileir@s no processo de formação nacional.


            Esta Lei deveria estar sendo encarada como parte fundamental do conjunto das políticas que vislumbram uma educação de qualidade como direito de tod@s. Desde a sua promulgação, um decênio já se passou e ela ainda não passa de “letra-morta”, (até porque, lei não significa consciência, ela pode apenas provocar essa conscientização.) e isso acontece pelo simples fato da escola ser um campo com sequelas profundas de racismo, e que, podemos dizer, sem medo de errar, “que ela ainda é o maior veículo de comunicação da ideologia branca”, dado que, ainda hoje nos deparamos com livros didáticos trazendo conteúdos de uma concepção positivista da historiografia brasileira a qual só valoriza, feitos e fatos dos brancos escamoteando assim a participação e importância de outros segmentos da sociedade a exemplo, os negros. Sem contar que ainda é muito comum, ver a escola abordando a cultura africana em datas específicas, e o pior, a partir de um olhar folclorizado e pitoresco, tratando-a como simples herança deixada pelos negros e, dando ao europeu a condição de portador de uma cultura superior e civilizada.


            Para que tudo isso possa mudar, duas frentes de batalha deverão ser organizadas, uma composta pel@s profissionais da educação e a outra pelos representantes dos órgãos governamentais.
            A de trabalhador@s da educação porque precisamos entender que a escola precisa mudar, e que essa mudança começa em cada um de nós. Que o nosso fazer pedagógico deve refutar as práticas de discriminação, que o nosso trabalho deve sim ser redefinido e aperfeiçoado, deve passar a conter representações diferentes das já estabelecidas e divulgadas pela tradição. “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação teoria/prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática ativismo”.


            Porque precisamos entender que as evidências do processo discriminatório operam sim no sistema de ensino e que elas penalizam diretamente crianças, adolescentes, jovens e adultos negros levando-os a evasão e ao fracasso escolar de fato. Sabe-se hoje, que existe correlação entre o pertencimento etnicorracial e sucesso escolar, indicando, portanto, que se faz necessário uma forte determinação para que a diversidade cultural brasileira passe a integrar o ideário educacional, não como um problema, mas, como um rico acervo de valores, posturas e práticas que devem conduzir ao melhor acolhimento e maior valorização dessa diversidade no âmbito escolar.

            Precisamos nessa frente de trabalho, compreender que o conhecimento da História da África e d@s negr@s poderá contribuir para se desfazer os preconceitos e estereótipos ligados ao segmento afro-brasileiro, além de contribuir para o resgate da autoestima de milhares de crianças e jovens que se veem marginalizados por uma escola de padrão eurocêntrico que nega a pluralidade étnico-cultural da nossa formação.








            A segunda frente, que deverá ser composta pelos representantes dos órgãos governamentais, nessa fase, especificamente por prefeitos no sentido do comprometimento com a criação de um Órgão (coordenação/diretoria/secretaria) para trabalhar a Promoção da Igualdade Racial; por vereador@s que possam apresentar Projetos de Leis para programar, regularizar e aplicar na Rede Municipal de Ensino a Lei nº 10.639/2003; por Secretári@s de Educação que se comprometam em fornecer condições necessárias à aplicabilidade da lei nas escolas e que, possam ainda firmar convênios/parcerias com outras instituições governamentais e não governamentais, para cursos de extensão, especialização... Para @s trabalhador@s em educação sobre a cultura da áfrica e da Cultura Afro-brasileira, e que esses componentes possam ainda incentivar a publicação de material didático que possa vir a dar suporte técnico para a atuação d@s docentes no processo de ensino e de aprendizagem.


            Essas duas frentes com certeza em muito poderá contribuir com o “desmanche” do maior gargalo do sistema educacional brasileiro que como sabemos, reside na qualificação do corpo docente, sobretudo os que exercem o magistério nas séries iniciais e que precisam estar habilitados em trabalhar com essa nova temática, que, por se tratar de uma temática interdisciplinar e não de uma disciplina específica requer muito mais esforço pois a lei determina que os conteúdos referentes a História da África e Cultura Afro-Brasileira sejam trabalhadas no contexto de todo o currículo escolar.


            Por fim, digo que, sem sombras de dúvida a Lei 10.639 representa um grande avanço, pois possibilita a construção de um multiculturalismo crítico da escola brasileira ao tempo em que reconhece uma luta histórica do Movimento Negro no Brasil, no entanto, muito ainda precisa ser feito para que a lei saia do estado de “letra-morta” em que se encontra e venha a viver no fazer de uma educação multicultural contribuindo assim, na construção de uma sociedade justa.


Adilza Cristina da Silva
Professora
Especialista em Programação do Ensino de História
Militante dos Movimentos Sociais
Colaboradora do Projeto Social do Ilê Axé Oyá Ogumtô
Belo Jardim - PE