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"... O sonho pelo qual brigo, exige que eu invente em mim a coragem de lutar ao lado da coragem de amar..." Paulo Freire Educador pernambucano

sábado, 19 de outubro de 2013

Fala aê Profº Adilson!

Reflexões Adilsonianas N° 24

Sobre os 100 Anos de Vinícius de Moraes e o Outro Vinícius.






Num dia ensolarado, mais precisamente em 26 de novembro de 1993, nascia Marcus Vinícius de Lemos Filho: meu filho mais velho e “especial”. Ao escolher esse nome, tão singelo e bonito, eu desejava homenagear o poetinha Marcus Vinícius de Moraes pelos seus 80 anos. Vinícius, o meu filho, não virou um poeta, não escreveu sobre o amor, sequer pôde amar tantas mulheres como o outro Vinícius. A vida lhe segredou outros mistérios, outras veredas. Sua poesia é muita complexa para nossa vã filosofia. Trata-se de uma poesia diferente, pois não se escreve com linguagem alfabética. Ela é feita da gramática dos gestos, afetos e desejos – os quais muitas vezes simplesmente não compreendemos. 



Vinicius, o meu poetinha, me desafia todos os dias a aprender a ler poemas e acordes mais complexos e dissonantes, extravagantes, tanto quanto foi a poesia concreta dos irmãos Campos. Sua concretude se define no ab-“surdo” dos gestos e nos “Cem Sentidos” que o seu Ser expressa, Seu corpo é poesia porque feito de linguagens. Linguagem no plural e por isso é rico, complexo, imprevisível, in-dizível. Tentar definir esse meu poetinha é o mesmo que tentar aprisiona-lo a um conceito inflexível, a uma verdade elaborada por uma dada ciência. Mas a ciência nada sabe sobre poesia e mistério. Como diz Rubem Alves, a ciência só pesca os peixes que se encaixam nas redes dos seus conceitos. Essas redes não servem pra pescar peixes ambivalentes e que habitam nas águas turvas e profundas do oceano da (in)consciência humana.




Por essa razão, creio que sua poesia é feita para nos impactar, “tirar” do sério, colocar-nos na “terceira margem do rio”. A sua poética como a do outro Vinícius é feita para “ser eterna enquanto dura”, “posto que é chama”. Uma duração feita de filigranas de gestos, ruídos e palavras ine(narráveis), mas que se eternizam em nossos corpos e mentes. Conviver com a sua poesia de-li-ran-te e di-la-ce-ran-te, mas ra-di-cal-men-te a- mo – ro – sa é uma experiência ímpar e singular que precisamos (eu principalmente) apreender e vive-la a cada dia. Tomá-la pra mim da maneira mais para-doxal possível, pois somente assim, talvez, seja possível compreender “as encruzilhadas do labirinto”. Parabéns aos dois Vinícius, que nos interpelam a amar a vida enquanto ela está aí, fervente.






Adilson Filho
Mestre em História e Doutor em Sociologia
Leciona na UEPB e FAFICA
Líder do Grupo de Pesquisa: Culturas Políticasc e Poder Local - CNPq,
Autor do livro: A Cidade Atravessada, velhos e novos cenários da política belojardinense.


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