Tecendo a manhã
(João Cabral de Melo Neto)
(João Cabral de Melo Neto)
Um galo sozinho não tece uma manhã
Ele precisará sempre de outros galos
De um que apanhe esse grito que ele lançou
E o lance aoutro
De um outro galo
Que apanhe o grito de antes
E o lance a outros
E de outros galos
Que com muitos galos se cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã,
Desde uma teia tênue,
Se vá tecendo, entre todos os galos.
Ele precisará sempre de outros galos
De um que apanhe esse grito que ele lançou
E o lance aoutro
De um outro galo
Que apanhe o grito de antes
E o lance a outros
E de outros galos
Que com muitos galos se cruzem
Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manhã,
Desde uma teia tênue,
Se vá tecendo, entre todos os galos.
João Cabral de Melo Neto - Poeta pernambucano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário