E de repente, "plim" - como num passe de mágicas - tudo muda! O tempo passa e sai levando com ele uma pá de coisa boa. Onde havia gargalhadas e muito tumulto infantil; onde havia a garra da mulher/profissional/militante/mãe... vai ficando só o buraco e um gosto amargo na boca.
O danado do tempo vai passando e a sua vida vai escapulindo com ele, vai saindo de fininho, se escondendo. Aquelas crianças, que te faziam ir à luta, preferem acompanhar o tal do tempo e com ele, vão se tornando homens e mulheres correndo atrás da sua própria vida.
Já não se encantam mais com o brigadeiro de panela, com o passeio na praça...
Você vai envelhecendo e acha que foi tudo de repente, isso porque, não te ensinaram a lidar com a questão, nesta fase, @s filh@s são as maiores saudades, talvez porque, sejam el@s o signo da sua juventude e sem ela "de repente, a gente vê que perdeu, ou que está perdendo alguma coisa, morna e ingênua que vai ficando no caminho, que é escuro e frio, mas também iluminado, pela beleza do que aconteceu" e, que se pensa, não voltará jamais.
E de repente, "plim", como num passe de mágicas, você se encontra no mundo como se o tempo estivesse voltando ou nunca tivesse passado, os seus símbolos de juventude retornam, você começa a receber em seus braços outras crianças, que são suas de fato, que é da sua raça, que tem o seu sangue e que trazem com elas a sua marca genética. É de fato, a chegada dessa crianças, a hora do êxtase! E a maravilha disso está na relação de que ela veio de uma gestação sem enjoos, pés inchados, azias... que ela veio de um parto sem dor, que trás com ela a chave que você tinha perdido para abrir seu baú de sonhos, já há algum tempo fechado.
A vida nos dá net@s, para reforçar em nós a idéia de que a luta por um mundo melhor deve ser contínua. El@s são "amores novos, profundos e felizes, que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis."
Desde o dia 09 de julho de 2003, renasço a cada dia, no lugar dos "arroubos" sensatez, experiência, tranquilidade e o discernimento de entender que, envelhecer, também é preciso. E desde então, posso até acordar com medo, no entanto, nem choro, tampouco reclamo abrigo, finco os pés no presente projetando um futuro onde nenhuma parte da minha vida possa ir ficando sem uma marca, pelas esquinas, e onde meus sonhos não possam ser triturados. A vida é um moinho!
Adilza Cristina
avó de Maria Eduarda e Valentina!
A arte de ser avó - Rachel de Queiroz
Poema - Cazuza
A vida é um moinho - Cartola
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